FACULDADE METROPOLITANA DA GRANDE FORTALEZA

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segunda-feira, 28 de abril de 2014

ALCALÓIDES PIRROLIZIDÍNICOS

1. Descrição da doença -  a intoxicação por alcalóides pirrolizidínicos é causada pelo consumo de determinadas plantas que produzem essas substâncias tóxicas em seu processo de biosíntese. Muitos dos casos, devido à toxicidade dos alcalóides, apresentam danos moderados a severos no fígado. Sintomas gastrointestinais são normalmente os primeiros sinais da intoxicação, e consistem predominantemente de dor abdominal com vômito e desenvolvimento de ascite. A morte pode ocorrer de duas semanas até mais de dois anos após o envenenamento, mas os pacientes podem recuperar-se completamente se o alcalóide que penetrou no organismo, não foi de maneira contínua e os danos no fígado não foram tão severos.

2. Nome da toxina – alcalóide pirrolizidínico, substância química não atropínica,  produzida por determinadas plantas venenosas.

3. Curso da doença e complicações - após a ingestão do alcalóide, e por um tempo significativo, pode não haver evidência de toxicidade. A doença aguda pode ser comparada à Síndrome de Budd – Chiari (trombose de veias hepáticas, deixando o fígado aumentado, hipertensão portal e ascite). Sintomas clínicos incluem náusea e dor aguda epigástrica, distensão abdominal aguda com dilatação proeminente de veias na parede abdominal e evidente disfunção da bioquímica hepática. Febre e icterícia podem estar presentes. Em alguns casos os pulmões podem ser afetados; edema pulmonar e derrames pleurais podem ser observados. O dano pulmonar pode ser fatal. A doença crônica por ingestão de pequenas porções por longos períodos pode causar fibrose no fígado e evoluir para cirrose, a qual é indistingüível das cirroses por outras etiologias.

4. Diagnóstico da doença - diagnóstico clínico, testes bioquímicos do fígado e história de ingestão. Danos no fígado pela ingestão dessas plantas podem ser confundidos como devido à doenças como hepatites, câncer e outras que provocam cirrose.

5. Ocorrência – há no mundo, um número considerável de casos bem documentados de envenenamento por essas substâncias. Muitos resultam de preparações medicinais de remédios caseiros. Entretanto, intoxicações em animais costumam ocorrer em regiões de seca prolongada, e onde as plantas que contêm esses alcalóides são mais comuns. O leite dos animais, nessas regiões, pode estar contaminado com alcalóides, bem como, o mel de abelhas que polinizam plantas tóxicas também pode conter tais substâncias. Surtos envolvendo grandes grupos de pessoas foram registrados em alguns países onde os cereais utilizados como alimento foram contaminados por alcalóides. As intoxicações relatadas envolvem também o consumo de preparações de chás ou medicamentos caseiros com ervas e os danos no fígado permanecem, em alguns casos, após cessada a ingestão, por mais 20 anos.

6. Susceptibilidade - todos os seres humanos são susceptíveis à hepatotoxicidade desses alcalóides. Os remédios caseiros e o consumo de chás feitos com ervas em larga escala podem ser um fator de risco e são a maior causa de envenenamento por alcalóides nos EUA. Não há dados sistematizados sobre essas intoxicações por consumo rotineiro de plantas com alcalóides pirrolizidínicos no Brasil, ainda que se saiba que as plantas venenosas, em geral, sejam importantes causas de intoxicações acidentais, principalmente em crianças.

7. Alimentos associados – as plantas mais freqüentemente implicadas nos envenenamentos são membros da família das Boragináceas, Compositae e Leguminosae. Um estudo no Brasil constituiu-se em alerta para o uso cada vez maior e perigoso desses tipos de plantas como fitoterápicos comerciais ou remédios caseiros para todo o tipo de males como úlceras gástricas, complicações renais, dores, etc., além de utilizações em cosméticos, sabonetes, shampoos, desodorantes, etc.. Espécies do gênero Senecio braziliensis (popular maria-mole ou flor das almas), do gênero Elpatorium laevigatum (mata-pasto), Heliotropium índicum (crista de galo), Heliotropium transalpinum (bico de corvo) e o Shymsitum oficinalis (confrei) são, entre outras plantas, utilizadas não apenas como chás ou medicamentos caseiros, mas em saladas, em algumas regiões do país. É freqüente o consumo de plantas com estas substâncias alcalóides, tais como a piperazina,  como medicamento, ou como alimento. Essas plantas têm sido consumidas como alimento, com propósito medicamentoso ou ainda como contaminantes de outras safras de agricultura. Safras de cereais ou forrageiras são algumas vezes contaminadas por pirrolizidina, devido à algumas ervas daninhas ou pelos alcalóides encontrados no trigo ou outros alimentos, incluído o leite de vacas que se alimentaram destas plantas. Algumas plantas como as das famílias das Boragináceas, Compositae e determinadas leguminosas contêm mais de 100 tipos de hepatotoxinas devido a pirrolizidina.

8. Análises dos Alimentos – os alcalóides podem ser identificados através da cromatografia e espectrofotometria.

9. Medidas de prevenção – notificação dos casos envolvidos em surtos por alimentos contaminados (Disque CVE - 0800 55 54 66) e educação da população sobre plantas venenosas. Casos individuais podem ser notificados para os CEATOX, existentes em diversas regiões do estado de São Paulo. Em São Paulo, o CEATOX HC/FMUSP pode ser acessado pelo tel. 3069-8571 ou pelo e-mail: ceatox@icr.hcnet.usp.br

10. Bibliografia consultada ou links para saber mais sobre a doença

1.      FDA/CFSAN Bad Bug Book – Pyrrolizidine Alkaloids.  Disponível na URL:  http://www.cfsan.fda.gov/~mow/chap42.html


2. Jornal da Unicamp. Campinas, Jun 2001, Ano XV, No. 163 - comenta a tese de Mendonça, CJS. Alcalóides pirrolizidínicos em plantas brasileiras de interesse alimentar e medinal: identificação e toxicologia, apresentada à UNICAMP (Tese de doutorado), 2001. URL: http://www..unicamp.br/unicamp/unicamp_hoje/ju/jum2001/unihoje_ju163pag04.html

3. CDC/ MMWR - o CDC conta com uma lista de morbidade e mortalidade de casos registrados que podem ser encontrados através do seu sistema de busca (search).

4. NIH/ Pub Med - o NIH/ Pub Med, no topo da página, permite acessar artigos sobre a toxina no banco de dados da MEDLINE.


Texto organizado por Maria Lúcia Vieira da Silva César, estagiária SES/FUNDAP, do Programa de Aprimoramento Profissional em Vigilância Epidemiológica das Doenças Transmitidas por Alimentos, da Divisão de Doenças de Transmissão Hídrica e Alimentar - CVE/SES-SP, ano 2003, em outubro de 2003.

Postado por: HERBETE VITOR

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