O consumo de uma bebida feita de grãos torrados de café começou no Yemen (como narrado por Abd al-Qadir al-Jaziri, em 1587), e de lá se espalhou por todo o mundo. O Brasil é hoje o maior produtor de café, com milhões de pessoas empregadas no cultivo e colheita de plantas de café. Café deve muito de sua popularidade (especialmente na manhã) ao seu conteúdo de cafeína (tipicamente 1-2% em peso do grão de café). A cafeína tem um efeito estimulante sobre os humanos: aumenta o metabolismo, reduzindo temporariamente a fadiga, e até melhora o desempenho em tarefas intelectuais simples.
A cafeína (cuja estrutura é desenhada abaixo) pertence a um grande grupo de compostos chamados "alcalóides" que têm as seguintes características: (1) São principalmente, mas não exclusivamente produzidos pelas plantas. (2) Ainda que suas estruturas químicas podem ser bastante variadas, todos possuem pelo menos um nitrogênio (a cafeína tem quatro). (3) A razão pelas quais as plantas os produzem em concentrações bastante elevadas não é, em geral, conhecida. Os alcalóides poderiam, em princípio, ajudar a proteger as plantas contra o ataque de insetos, bactérias ou fungos. (4) Os alcalóides muitas vezes têm efeitos fisiológicos poderosos, o que justifica sua importância na medicina. Assim, as plantas e seus alcalóides, especialmente das florestas tropicais, estão sendo testados para possíveis aplicações médicas. Quando uma planta na floresta é extinta por causa de danos ambientais, é muito triste, porque essa planta poderia ter sido a origem de um alcalóide útil no tratamento de uma doença.
Os nomes de muitos alcalóides são conhecidos do público: nicotina (do tabaco), cocaína (da coca) e morfina (da papoula). Outros são mais familiares para a comunidade médica: quinina (tratamento da malária); vincristina (trata o câncer), colchicina (trata a gota) e reserpina (trata a hipertensão). A partir da grande biblioteca de alcalóides conhecidos, eu selecionei a história de fisostigmina (estrutura abaixo), um alcalóide produzido no feijão Calabar. A fisostigmina tem sido usada no tratamento de glaucoma (pressão excessiva no interior do olho) e na doença de Alzheimer (perda de memória). Mas seu papel como um "veneno calvário" é particularmente interessante.
Em 1846 um médico e botânico Inglês, William F. Daniell, viajou para o local onde hoje se encontra o país Africano chamado Nigéria. Ele relatou ter presenciado um sistema de justiça no qual pessoas acusadas de crimes graves eram forçadas a beber um líquido branco leitoso preparado batendo feijão Calabar com água. Se o acusado morria por causa da bebida (que contém alta concentração de fisostigmina), ele era julgado culpado e, quando sobrevivia, era considerado inocente. Especula-se que o “veneno do juízo de Deusl” feito a partir de feijão Calabar pode realmente distinguir entre culpa e inocência. Se uma pessoa é inocente, então essa pessoa sabe que é inocente e, não teme o veneno. Ele, portanto, bebe rapidamente, causando vômitos e remoção do veneno. Se, por outro lado, a pessoa é culpada, sabe que ele é culpado, portanto, ele teme o veneno. Conseqüentemente, ele bebe tão lentamente que não vomita, com resultados fatais.
Postado por:Jacqueline Araújo
Nenhum comentário:
Postar um comentário